O jovem advogado
Leticia Pitoli
Durante longos e árduos anos de faculdade, somos bombardeados com conhecimento dos mais variados ramos do direito (civil, trabalhista, penal, administrativo, etc.), tudo isso, com intuito de que nós, advogados recém-formados, possamos ingressar no “mundo real” capacitados para atuar em demandas das mais variadas áreas.
No entanto, é bem verdade que, embora sejamos especialistas em generalidades, a vivencia prática nos mostra que a cada dia que passa, precisamos nos especializar, isto é, delimitar nossa área de atuação, pois como dizem: quem faz tudo, muitas vezes não é bom em nada!
Ora, não estou aqui dizendo que nós não precisamos ter conhecimento acerca dos mais variados ramos do direito, muito pelo contrário, saber um pouco de tudo irá facilitar no seu dia a dia, principalmente porque muitas vezes, as matérias são interligadas. Logo, há casos práticos que, por exemplo, são essencialmente penais, porém, envolve questões do ramo do direito privado, e você precisa ter conhecimento para solucionar a lide.
E, indo mais além, ouso dizer que é extremamente essencial termos conhecimento, ainda que superficial, de muitas outras áreas alheias ao direito, tudo para o fim de melhor atender as demandas dos cidadãos que nos confiam a defesa de seus interesses.
Com efeito, sabemos que o início da advocacia, assim como em toda e qualquer profissão, é extremamente difícil e, consequentemente, na maioria esmagadora das vezes, somos forçados a atuar em todas as demandas. E não há problema algum com isso!
Na verdade, a cada caso, cada responsabilidade assumida no dia a dia, lhe fará adquirir mais ou menos afinidade com determinados temas, ou seja, sua atuação será lapidada dia após dia conforme os desafios que lhe forem apresentados.
Como diz Francisco Müssnich em sua obra intitulada “Cartas para um advogado” (Rio de Janeiro: Sextante, 2019): “Ao pensar sobre que rumo seguir, tenha sempre em mente que nenhuma escolha é definitiva. Na verdade, é a prática que vai determinar o ramo do Direito escolhido. A vida transforma o profissional, lapida a pedra bruta em diamante. Trata-se de um processo intuitivo, em que às vezes o estudante se deixa levar em outras direções, noutras assume o controle.”
Entretanto, é bem verdade que com o avanço da sociedade, concomitantemente também temos um crescimento significativo na complexidade nos conflitos, o que implica dizer que, especializar-se em uma área, permite-nos ter conhecimentos mais profundos e até mesmo um raciocínio jurídico mais aguçado e certeiro.
Não obstante, delimitar seu ramo de atuação também será infinitamente benéfico ao seu processo de crescimento profissional e formação de sua carreira. Direcionar seu conhecimento e estudos à determinada área, fará com que os seus clientes sintam-se mais seguros e, consequentemente, te reconheçam por ser o melhor profissional de sua área.
Afinal, você gostaria de ser reconhecido como “mais um advogado” ou como o melhor advogado? Obviamente, todos nós almejamos ser um profissional renomado e reconhecido. Mas para isso, nos dias atuais, é preciso muito estudo e dedicação, sendo certo ainda que delimitar a área pela qual você possui mais afinidade, facilitará este processo.
Veja, por exemplo, que renomados juristas são assim conhecidos por serem especialistas neste ou naquele assunto. Repisa-se, você precisa saber de todas as áreas, mas, se você deseja ser um excelente profissional, obrigatoriamente precisa ser especialista em um só ramo.
Não se trata de querer se especializar, mas sim de atender a uma exigência para se manter no mercado de trabalho. E, vale lembrar que a especialização além de trazer mais satisfação a sua vida profissional, posto que você irá trabalhar com o que verdadeiramente gosta, como o tempo, também lhe trará frutos de ordem financeira.
Por isso, caro colega jovem advogado, busque delinear sua área de atuação e aperfeiçoe seus estudos, que o sucesso lhe será garantido.
(A autora é Advogada Criminalista, Secretária da Comissão Jovem Advocacia da 4ª Subseção da OAB de Rio Claro/SP).