ARBORIZAÇÃO URBANA E O RETROCESSO AMBIENTAL
Diariamente somos bombardeados com informações a respeito da preservação do meio ambiente, sempre a mesma chatice. É o efeito estufa e mudanças climáticas pra cá, são as emissões de poluentes em excesso pra lá. Tem também a influência no modo de consumo, enaltecendo como o foco econômico é prejudicial. E ainda vemos muitos sugerirem a implantação de energias verdes, como a eólica, fotovoltaica, veículos elétricos e energia nuclear. Lemos sobre ESG- “Environmental, social and corporate governance” e não deixam de fora as ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Unesco e agenda 2030. Conceitos que fazem parte do cotidiano dos ambientalistas de plantão. Bobagem? Claro que não! Mas eficiente? Nem sempre.
Disso tudo, o que está intimamente ligado ao alcance imediato da população? Por onde podemos começar verdadeiramente nosso cuidado com o planeta? Será nas pequenas ações práticas e numa esfera local, ou abstratamente discorrendo sobre as que estão fora da nossa realidade? Que me perdoem os ambientalistas de carteirinha e que só enxergam o mundo pela tela de um computador, mas é preciso mais prática do que filosofia. Pois aquele que corta uma árvore para mudar a faixada do seu imóvel, achando que a coitada atrapalha, e que é contra o desmatamento da Amazonia só na teoria, ajuda muito menos do que aquele que cuida de uma árvore da sua rua com dedicação e amor.
Ano após ano, sempre nesta época de chuvas intensas, nos deparamos com tragédias como a ocorrida recentemente em Petrópolis. Fato é que, a solução para estes e outros desequilíbrios pode estar muito mais perto de nós do que imaginamos, na arborização urbana. Não é sair por aí plantando mudas e achar que vai mudar o mundo por causa disso. Mas sim aquela feita com planejamento, com cuidado, pois a arborização urbana deve seguir requisitos fundamentais como a tipificação adequada ao local onde será implantada, assim como programar sua manutenção para que as mudas vinguem, e ajam de modo a colaborar e não prejudicar.
Já estamos fartos de saber que as árvores influenciam diretamente na eficiência climática, evita erosão, preserva a fauna e a flora, e traz muito mais qualidade de vida ao cidadão. Colabora ainda dando muito mais harmonia e vida à sua casa, sua rua, seu bairro, e sua cidade. Ou seja, na preservação real do meio ambiente.
Considerando todos os benefícios que a arborização urbana traz, o que de fato poucos sabem é que implementá-la no âmbito municipal é obrigação imposta pela norma infraconstitucional aos seus gestores, sendo sua omissão considerada contrária ao princípio da proibição do retrocesso ambiental, trazendo ao agente público consequências jurídicas negativas. Espera-se, portanto, que o poder público possa elaborar um planejamento de arborização urbana e incorporá-lo ao planejamento das cidades. Assim, todo cidadão poderá participar deste processo, onde as árvores possam ser cada vez mais aliadas na preservação do meio ambiente.